sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Tempestade gigante em Saturno

       

     Sonda Cassini da NASA fotografa super-furacão no pólo norte do planeta



Imagem foi captada há dois dias a uma distância de 361 mil quilómetros
A sonda Cassini da NASA voltou a captar imagens dos fenómenos climáticos extremos que acontecem em Saturno. Desta vez, apresenta uma fotografia de uma super-tempestade no pólo norte do planeta. Foi captada há dois dias a uma distância de 361 mil quilómetros.  
Esta imagem é importante visto que até há pouco tempo aquela região saturniana era muito difícil de observar. O principal motivo residia no facto do planeta estar a passar pelo seu comprido inverno de 15 anos.
Só era possível detectar estes fenómenos através de raios infravermelhos. Em 2009, acabou o Inverno e a luz do Sol voltou a entrar na região, permitindo a observação desta tempestade, parecida à que os astrónomos descobriram há seis anos no Polo Sul.
Em 2006, a mesma sonda detectou uma tempestade com uma largura até dois terços a da Terra, no pólo sul daquele planeta. Essa foi a primeira vez que se observou um fenómeno semelhante aos furacões terrestres no Sistema Solar.
Os astrónomos pensam que estas tempestades se forma da mesma forma que os furacões através do ar quente e húmido nas camadas baixas.
De: Ciência Hoje

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

O fim da civilização maia ligado a longo período de seca extrema

Uma estalagmite com dois mil anos pode ser a peça que faltava no quebra-cabeças sobre a história da civilização maia. Formada numa gruta do Belize, permitiu aos cientistas ter um registo meteorológico daqueles tempos e concluir que a seca extrema pode ter ditado o fim de uma civilização complexa e organizada como a dos maias.  


Os maias, que ocuparam a zona correspondente à actual América Central, deixaram registado, em monumentos de pedra, pormenores da sua cultura e grande parte da sua história. Guerras, casamentos, sucessões de reis e rainhas foram gravados nas rochas e associados a datas específicas. Algures entre o ano 800 e 1000 d.C., o fim desta tradição coincidiu com o declínio do período clássico (entre o ano 250 e 950 d.C.) desta civilização. Nesse período, os maias atingiram a sua máxima expansão territorial e, embora tenham abandonado muitas cidades, resistiram, como civilização, até ao século XVI.

Associar as alterações climáticas ao fim de uma civilização que aparentemente tinha tudo para ser bem-sucedida – tecnologia avançada, um sistema político e cultural sofisticado – tem sido bastante controverso. É que, até agora, não existiam provas arqueológicas que fornecessem pistas sobre o clima daquela altura. 

Agora, Douglas Kennett, da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos EUA, liderou um estudo que reforçou a ideia de que as alterações climáticas terão sido responsáveis pelo desenvolvimento e crescimento da civilização, primeiro, e depois pelo seu colapso. O trabalho foi publicado na última edição da revista Science.

Para chegarem a esta conclusão, os cientistas mediram a quantidade de certos isótopos (ou tipos) de oxigénio presentes numa estalagmite de 56 centímetros de comprimento, recolhida em 2006 na gruta Yok Balum, no Belize. A gruta a cerca de um quilómetro do sítio arqueológico de Uxbenka e não muito longe de outros importantes centros maias no Belize, como Lubaanton, Caracol e Xunantunich. 

Os átomos de oxigénio chegaram à gruta levados pela água da chuva e foram incorporados na estalagmite ao longo do seu crescimento. Como as estalagmites se formam lentamente – 6 a 25 milímetros por século –, a medição da quantidade dos isótopos de átomos ao longo da estalagmite permite distinguir entre épocas de muita chuva (mais átomos de oxigénio-18) ou épocas de seca (menos átomos de oxigénio-18). E, assim, foi possível reconstituir os registos da chuva ao longo dos últimos dois mil anos.

Os dados obtidos mostraram que, depois de tempos muito chuvosos, os maias sofreram quatro séculos em que a tendência geral foi de seca, com episódios pontuais de seca extrema. O cruzamento destes dados, com os desenhos gravados pelos maias nos monumentos de pedra, permitiu aos cientistas concluir que o desaparecimento desta civilização ocorreu em grande parte devido às alterações do clima.

“O crescimento e o declínio da civilização maia são um exemplo do falhanço de uma civilização evoluída por não se ter adaptado às alterações climáticas. Os períodos de chuva aumentaram a produtividade do sistema agrícola maia e levaram ao aumento da população e à exploração excessiva dos recursos. Os períodos de seca posteriores conduziram à destabilização e à guerra, à medida que os recursos se foram esgotando”, diz James Baldini, outro autor do artigo, da Universidade de Durham, no Reino Unido, citado num comunicado da sua instituição.


Douglas Kennett é mais peremptório, noutro comunicado. “As mudanças climáticas abruptas são apenas parte da história. Ao longo dos séculos, as cidades tiveram um declínio das suas populações e os reis maias perderam o poder e influência.”

E depois, no século XVI, os espanhóis chegaram ao território dos maias. “A ligação entre uma seca alargada no século XVI e más colheitas, morte, fome e migração para o México, fundamentada pelas amostras da estalagmite, fornece uma analogia histórica para a tragédia sociopolítica e o sofrimento humano vivido pelos maias no período clássico.”

in: Público
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